Sustentabilidade, substantivo feminino e abstrato.
Alguns meses atrás, duas jovens de um ONG que trabalha com educação ambiental vieram conversar comigo:
- Senhor, podemos conversar um minuto?
- Sim.
- O que você faz para um mundo sustentável?
- Não tenho filhos.
Depois desta curtíssima conversa, comecei a pensar sobre as retóricas (no mal sentido) exaltadas recentemente pela mídia e até na universidade. Falemos da retórica mais utilizada nestes últimos anos: sustentabilidade. No meu tempo de criança (e adolescência) esta palavra jazia esquecida ao lado de palavras como “sustenizar” e “sustentação” no velho Houaiss. Por que será então que ela desperta com tanta voracidade durante a última década?
Sinto muito dizer aos amigos “verdes” que sustentabilidade é um substantivo abstrato demais para ser levado a sério, é uma falácia comercial, profundamente condicional. Comercial porque é moda, basta ligar a televisão ou ler as revistas e jornais para imaginar o quanto se ganha dinheiro com produtos “sustentáveis”: papel, produtos de limpeza, carros, roupas, eletrônicos... quase colocamos no segundo turno uma presidenciável ecologicamente correta. No entanto, nunca fomos tão consumistas, nunca gastamos tanto com futilidades e com bens cada vez menos duráveis. É aí que reside a condição da falácia, a condição econômica. Se amanhã, por algum motivo, custar 10 (dez) centavos a mais aos empresários para que utilizem materiais que agridam menos o meio ambiente, tudo isso pode desabar. Vou dar um exemplo claro: se uma tonelada de papel reciclado, comprado pela indústria de papel nas cooperativas de catadores de lixo, custa (no máximo) R$ 100,00 e uma tonelada de celulose virgem é vendida no mercado internacional por cerca de R$ 1600,00, com que material o empresário ganhará mais dinheiro, sabendo que os dois papéis chegarão ao mercado com o mesmo preço? Tempo...
A condição é essa: sustentabilidade apenas com ganhos econômicos.
É uma pena ver que as pessoas se mobilizam (com tanta paixão) por uma causa tão perdida, tão falsa.
Eu quero é que o capeta enfie gostoso seus tri-dentes com todo o cuidado do mundo no rabo da gente humana. Ninguém jamais dará ao homem mais prazer que o Carcará.
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